Os bebés querem colo e nós também

Já ouvi por diversas vezes que "isso do babywearing" é uma moda mas o babywearing mais não é do que dar colo a um bebé, substituindo os braços por um porta-bebés.

O babywearing, ou carregar um bebé, surge para dar resposta a duas necessidades: a de contacto do bebé e a da liberdade de movimentos do cuidador. Claro que o ideal, e aquilo que actualmente defendemos, é um carregar ergonómico que respeite a fisionomia do bebé mas que também respeite o corpo do carregador tornando o acto de carregar o mais agradável e ergonómico possível para ambos.

Mas será o colo assim tão importante? Os bebés não ficam melhor deitados numa caminha ou num carrinho onde se podem movimentar à vontade e incomodam pouco?
Não, não ficam. Um bebé, tal como qualquer criança ou adulto, tem as suas necessidades e algumas delas estão associadas ao acto de dar colo.

Um bebé desenvolve-se no útero da mãe, ou seja vai crescendo dentro de um ambiente cujo o espaço é limitado, onde o seu corpo está em permanente contacto e onde passa 24 horas a ouvir o coração da mãe (assim como a voz e outros sons corporais). É neste ambiente que ele recebe tudo: contacto, alimento, oxigénio, protecção.

Com o parto, este ser que até aqui vivia aconchegado, agrupado sobre si mesmo, vê-se num ambiente completamente estranho, sem o constante contacto e sem o acesso permanente, que antes tinha, a tudo o que precisa, nomeadamente ao alimento.

Ao contrário dos outros mamíferos não nascemos com o desenvolvimento suficiente que nos permita ao fim de pouco tempo procurar a nossa fonte de alimento, se não nos providenciarem alimento não resistimos. Nem tão pouco possuímos pêlos suficientes que permitam à nossa cria que simplesmente se agarre a nós para a transportarmos enquanto a mantemos perto quer de nós quer da sua fonte de alimento.

Um bebé vive durante todo o tempo do seu desenvolvimento intra-uterino em permanente aconchego e quando de repente sai desse seu mundo é o colo que lhe vai permitir manter a sensação de segurança de outrora ao mesmo tempo que vai ajudando a criar laços entre o bebé e o seu cuidador.

Quando nasce um bebé nasce, também, uma mãe e ambos necessitam de contacto. O colo é importante tanto para o bebé como para a mãe que subitamente ficou sem aquele bebé, que era só seu, do qual sentia cada movimento e que de repente está ali, nos seus braços.

A mãe precisa, também ela, de criar laços com aquele bebé e desenvolver os seus instintos de protecção por um ser que agora está ali, exposto ao mundo. Precisam ambos de se conhecer, de se cheirar, de se sentir e este contacto vai ajudar tanto no desenvolvimento e adaptação do bebé ao novo ambiente como na recuperação e estímulo da amamentação pela mãe.
 
Daí que se associe o babywearing à menor frequência de choro dos bebés, porque um bebé que se sente seguro, aconchegado do mesmo modo em que vivia até ao seu nascimento, e com a sua fonte de alimento e carinho à disposição, tenderá a acalmar-se mais depressa e chorar menos.

"O habitat humano do bebé é o corpo da mãe" (Nils Bergman).

Um bebé que tem colo sente-se em casa, na única que ele conhecia e na que mais se assemelha ao útero da mãe.

"Mas dar colo é um mau princípio porque depois eles não querem outra coisa". A sério? Por mais vezes que oiça isto continuo a não ver onde está o problema! Mas o que é suposto esperar de um bebé? Que se levante a meio da noite, prepare uma refeição e volte para a cama? Que adormeça a gritar porque assim aprende a "acalmar-se" sozinho? Será que o colo o vai viciar de tal modo que aos 15 anos ainda quererá andar numa mochila às costas dos pais? Mais cedo ou mais tarde todas as crianças começam a buscar a sua autonomia, vão compreender que são indivíduos independentes dos pais/cuidadores e naturalmente vão deixar de querer, e de precisar, de ser carregados. Porque a necessidade de colo, essa permanecerá por toda a vida.

Quantas vezes na nossa vida não procuramos o refúgio de alguém, ou nos sabe tão bem o conforto de uma palavra amiga ou de um abraço que nos dão? Precisamos de colo durante toda a vida, mudam os motivos e a forma mas porque somos seres com emoções, com necessidades, com afectos vamos sempre precisar de colo.

Estamos a falar de bebés, seres que ainda não têm maturidade suficiente para compreender o ambiente em que estão. É nossa função ajudá-los neste processo de adaptação. Os porta-bebés surgem como a solução que medeia as necessidades de proximidade do bebé com as de autonomia do carregador, funcionando  ainda como limite do bebé com o ambiente (que dá imenso jeito contra as mãos alheias que adoram tocar num recém nascido sem qualquer cuidado prévio...).
Imagem retirada daqui
Há séculos que os bebés são carregados pelas mães que precisam garantir o seu alimento assim como manter a sua própria autonomia, nós actualmente fomo-nos afastando dos nossos bebés e rendemo-nos ao comodismo de os deitar em qualquer lado mas garanto-vos que é muito, mas muito, mas mesmo mesmo muito melhor sair de casa, fazer o almoço, ir passear o cão à rua, ir às compras, aspirar, fazer torradas e o que quer que seja com o nosso bebé juntinho a nós.

"O contacto é tão necessário para o desenvolvimento normal dos bebés como alimento e oxigénio." (Richard Restak)

É preciso afastarmos de vez a ideia de que o colo vicia. Dar ou receber colo não é uma questão de vício, não são maus hábitos que se criam, é responder a uma necessidade básica de um bebé. 


Mas afinal o que é uma consulta de babywearing?

Basta navegar um pouco pelos grupos de babywearing nacionais para ver que frequentemente é sugerida uma consulta de babywearing.

Mas afinal o que é, e para que serve uma consulta de babywearing? Não são os bebés carregados há inúmeras gerações? São, mas algures neste nosso caminho fomos perdendo o hábito de os carregar, privilegiando outros meios, como os carrinhos que supostamente são mais cómodos.
E digo supostamente porque da minha experiência, que vivo numa cidade em que a maioria das ruas são em calçada, nem no carrinho com as rodas mais XPTO um bebé consegue ir sem parecer que vai a fazer rally num todo-o-terreno. Claro que se for para fazer 10 km a andar a direito em centro comercial, admito que talvez fosse mais cómodo mas valerá a pena perder os benefícios do contacto com o nosso bebé?

É aqui que entra a consulta de babywearing. Uma consulta não serve apenas para aprender a fazer portes, serve também para falar com os interessados sobre o colo, a sua importância e os benefícios que tem tanto para o bebé como para quem o carrega.

Numa consulta vão receber um(a) consultor(a), alguém que dedicou, e dedica, o seu tempo a estudar as formas de carregar um bebé de modo ergonómico, respeitando a sua fisiologia nas diferentes fases de desenvolvimento e, claro, consoante as especificidades de cada bebé.  

Claro que nem todas as consultas são iguais e dependem sempre do objectivo da mesma, se é para pais cujo bebé ainda não nasceu, se é para pais cujo bebé nasceu e nunca carregaram e querem começar ou para aqueles que não se estão a "ajeitar" com o porta bebés que têm, se é para bebés com necessidades especiais, etc.. assim a consulta será adequada consoante o objectivo dos pais.

Para saber como carregar é preciso que antes os pais fiquem a saber um pouco sobre as várias fases de desenvolvimento dos bebés e em como carregá-los de forma ergonómica em cada uma dessas fases.

Genericamente de uma consulta pode esperar-se ouvir falar sobre colo, apego, desenvolvimento do bebé e ergonomia a fim de dar ferramentas aos pais para se manterem firmes na sua decisão de carregar e em como fazê-lo bem.

Depois há que conhecer os porta-bebés disponíveis, os recomendados e os não recomendados para que os pais compreendam as diferenças entre uns e outros e o porquê de se optar pelo uso de uns em detrimento dos outros.

Até aqui uma consulta parece que é só blá blá blá... mas não é, vão chegar os panos, os slings de argolas, as mochilas, os mei tais, os onbuhimos e a Cátia Vanessa.
Cátia Vanessa
Quem? A Cátia Vanessa é uma parte fundamental de uma consulta pois é com ela que primeiro a consultora demonstra como se usam os vários porta-bebés e que depois vai ajudar os pais a experimentarem eles próprios. Claro que também poderão experimentar com o seu bebé depois de experimentarem com a Cátia Vanessa e elegerem o seu porta-bebés de eleição.

A Cátia Vanessa depois só não ajuda na escolha de tecidos, marcas, modelos e afins mas isso é mais um tópico para o qual poderão contar com a ajuda do/a consultor/a. 

E esta é a parte fulcral de uma consulta, a de capacitar os pais para tomarem uma decisão acertada e consciente sobre o porta bebes que vão utilizar, independentemente de a consulta ser para quem ainda não carrega como para quem apenas quer aprender a utilizar correctamente um determinado porta bebés.

Já diz o ditado que mais vale prevenir do que remediar e aqui também se aplica. Quantos pais cheios de vontade de carregar já não compraram um sling de argolas, ou um pano ou uma mochila para depois chegarem à conclusão que afinal não se ajeitam a utilizá-lo? Então vende-se e escolhe-se outro ao qual também se poderão adaptar ou não. Chegados aqui ou desistem de carregar ou continuam a tentar outros porta-bebés quando por vezes a não adaptação até pode ser do uso incorrecto. Uma consulta vai permitir evitar estas situações, além do que poderão contar com a ajuda da vossa consultora para vos auxiliar no uso correcto do porta bebés que tiverem.

P.S.: Editei a parte do/a consultor/a porque apesar de crer que em Portugal ainda só existem consultoras, lembrei-me que na minha formação da Bebê no Pano havia um colega homem, que embora fosse do Brasil, creio que é um texto que se adequa à realidade de ambos os países :)
  

Segurança no babywearing


Quando começamos a carregar procuramos os porta-bebés ergonómicos, aprendemos portes mas ainda assim, não podemos descurar alguns pormenores, porque é de bebés que falamos, que respeitam à segurança.

Hoje deixo algumas dicas de segurança para quem carrega, ou pretende carregar.

- O bebé deve ser sempre carregado em posição vertical e face virada para o lado.” Ah mas ele fica tão fofinho deitadinho aninhado sobre si mesmo, todo enroladinho” Pois fica mas não fica nada fofinho sem as vias respiratórias livres… E à distância de um beijinho, de modo a que quem carrega com uma pequena inclinação de cabeça consiga tocar na cabeça do bebé com os lábios. Esta proximidade, vai permitir ao carregador controlar a respiração do bebé e conseguir confirmar visual e rapidamente se o queixo se encontra afastado do peito.  Em caso de dúvida põe-se a mão entre o queixo e o peito do bebé e confirma-se se estão afastados, cerca de dois dedos de distância é o suficiente.
Imagem retirada da net


- Preservar a curvatura da coluna e articulações.
O bebé deve ser carregado voltado para o adulto, aproveitando os arredondamentos do corpo deste e de modo a que a coluna do bebé forme um C invertido. A zona do assento deve formar um M (rabinho abaixo da linha dos joelhos)e deve-se  bascular para a frente a bacia, o que vai propiciar tanto o arredondamento da coluna como a formação correcta do tal M.
Um porta-bebés ergonómico vai permitir dar o suporte correcto à coluna do bebé, devendo ser devidamente ajustado, mas também de joelho a joelho a fim de garantir a posição adequada.
Não esquecer que os pezinhos andam sempre de fora. Isto não quer dizer descalços, quer mesmo dizer fora do pano ou sem estarem apoiados.
Imagem retirada da net


- “O meu pano rasgou-se mas eu sou barra a pregar botões portanto meto aqui um remendo da hello kitty que vi no Lidl e fica TOP!!”
Estamos a falar de bebés, certo? Então remendos, nozinhos ou cortezinhos de fios são coisas a evitar. Quando um pano, ou qualquer porta-bebés, apresenta algo fora do normal é preciso falar com quem sabe. É preciso saber se isso (seja lá o defeito que for) pode comprometer ou não o uso em segurança desse porta-bebés. Procurem alguém especializado habituado a lidar com material de babywearing ou contactem a própria marca. Não arrisquem.

- Bom senso. É só isto que tenho a dizer.

- Os portes às costas são óptimos e práticos mas tanto à frente como atrás a prática faz a perfeição portanto há que praticar, praticar, praticar. Praticar portes às costas com bebés muito irrequietos ou muito pequenos sozinh@ é sempre um risco. Que tal fazê-lo na caminha, no sofázinho ou com o outro progenitorzinho a dar uma mãozinha? Wink Wink







Sigam a nossa página do facebook e vão acompanhado algumas das ideias chave quanto aos benefícios do babywearing. Em breve uma publicação aqui mais desenvolvida.


Carregar nestes calores

A baby baby pequenina nasceu em Julho. À primeira vista isso era coisa para nos trazer logo algumas limitações em termos de carregar. E trouxe! Nada que não se resolvesse com bom senso.
Mas este ano, oh céus, este ano que parecia que o verão tinha ido passar férias a Tenerife (para aproveitar os voos directos do aeroporto de Beja) eis que temos tido dias completamente abrasadores.
Sim ok isto é o interior, ah e tal Beja estão habituados... não estamos! Eu, pelo menos não estou. Chegar aos 45º C.. é muito grau!
Se deu para carregar? Deu mas não às 13h, nem às 14h e muito menos às 15h...

Por causa destes calores vou aqui deixar um (espero que) breve apanhado sobre o carregar em dias de (muito) calor, para quem se quiser aventurar a sair de casa.

Já deixei umas dicas sobre carregar com segurança no verão além, e hoje aprofundamos aqui.

Hidratar! Parece óbvio mas não custa relembrar, tanto quem carrega como @ bebé devem beber àgua (ou leite no caso dos bebés que mamam) com frequência. Seja àgua ou maminha a palavra de ordem é hidratar. E não sou eu quem o diz, é mesmo a DGS.

Usar protector solar nas zonas descobertas e chapéu (sim também vale para quem carrega). Há também chapéus de chuva com protecçao UV para sairem cheios de estilo assim como as pessoas na foto... neste caso é um chapéu de chuva normal mas @ baby baby tem creme mineral nas zonas descobertas. Se ela deixasse ficar o chapéu quieto na cabeça não nos prestávamos a estas figuras, assim, chamemos-lhe estilo!
Quando um dos dois sente calor é preciso fazer uma pausa. Não vale pensar à alentejan@ e "é já ali" porque já ali também pode estar um golpe de calor. É da saúde e bem estar de ambos que se trata, além disso se estamos desconfortáveis a experiência de carregar fica inevitavelmente comprometida e torna-se desagradável. Imaginem quando no inverno não reparam num buraco cheio de àgua e SPOFT pé lá dentro. É tão confortável ir a andar com o SPLOCH dentro do sapato não é? Não. Não é. Caminhar todo transpirado colado a outro corpo igualmente transpirado também não é fixe!

Corpo a corpo é maravilhoso mas não nos dias de calor em que serve apenas para ficarmos colados e transpirados! O corpo a corpo em dias de muito calor tenderá a ser mais desagradável. Nestes dias nem que seja uma fralda de pano entre ambos será sempre preferível para evitar termos que nos "deslocar"!

Há quem utilize toalhas molhadas ou aqueles pacotes de gelo que servem quando nos aleijamos (uns azuis, estão a ver?). Eu prefiro mandar uns borrifos ou salpicos de água para cima de nós para ir refrescando. Já vi umas mini ventoinhas com aspersor de água que me pareceram maravilhosas mas eram para ligar ao isqueiro do carro.
As toalhas molhadas é algo que me faz pensar em febre, como método para baixar a temperatura e aqui o problema é que a temperatura baixa e não conseguimos regular até quanto. E estamos a falar de bebés, se eles conseguissem regular a temperatura corporal sozinhos se calhar também começavam a andar uma hora depois do parto e a procurar a fonte de alimento sozinhos. Não é o caso. Nascemos muito imaturos em tudo e por isso cabe ao cuidador proteger, alimentar, deslocar e nem aquecer demais nem arrefecer demais. Claro que quando estamos a falar de um bebé que já se sabe exprimir, certamente neste caso ele próprio dará conta do desconforto, nos restantes casos a regra chave é a do bom senso.
E bom senso e gelo, para mim não combinam. Não combinam simplesmente porque, mesmo com a toalha à volta, quando é que vai começar a queimar a pele? E nós vamos ser capazes de avaliar quando isso estiver prestes a acontecer?

As horas, ai as horas. Quais são as melhores horas para sair? Não sei. Depende do dia e da temperatura que estiver. Nestes últimos dias em que chegámos aos tais 45ºC saimos de manhã, pelas 9h e pelas 10h30 estávamos em casa. Só voltámos a sair depois das 19h. Depende muito do sitio onde estamos mas regra geral mantenhamos o principio como se fossemos à praia e evitemos as horas de maior calor (11h30 - 16h30).

E que tal agarrar num sling de argolas para água e ir piscinar? Convém utilizar mesmo daqueles próprios para água se não querem estragar o vosso lindo paninho com cloro... Neste caso não se entusiasmem e ...não mergulhem! Em caso de dúvida, agua só até à cintura para conseguirem controlar melhor as descidas dentro de água, e caso sejam as campeãs do agachamento tenham muito cuidado e não se entusiasmem!

Usar roupa leve, e poucas camadas. Por vezes chego a levar a baby baby só de fralda. O pano é, pelo menos, mais uma camada de tecido sobre o corpo do bebé, se não o carregassem o que lhe vestiriam? Um body e uns calçoes e t-shirt? Só um body? Não convém vestir muitas camadas de roupa pois com mais o pano por cima a temperatura vai subir e o bebé vai aquecer. Eu sei que parece óbvio mas estamos precisamente a ver o óbvio para garantir que não nos esquecemos de nada! Quantas vezes já me aconteceu estar a sentir a babinha da baby baby a escorrer-me no peito e eu a pensar que lá me esqueci outra vez de levar uma fralda de pano para por ali...

Ainda assim, mesmo com todos os cuidados não é garantido que o calor não nos leve a melhor e é preciso estarmos atentos aos sinais.  

Havendo algum sinal, retirar imediatamente o porta bebés e procurar assistência médica. Não esquecer de beber muita muita muita água, mesmo sem sede (ou oferecer frequentemente maminha) ou optar pela solução mais segura: ficar em casa e deitarem-se em cima do pano!


Vício de colo...

"Se andares sempre com el@ ao colo vai ficar mal habituad@".
Já ouvi esta frase, ou parecidas, tantas vezes que já lhes perdi a conta.
Inicialmente pensava que era só conversa mas hoje tenho que render-me às evidências. É verdade, o colo vicia!
Vou contar-vos a nossa história .
Tudo começou quando, de forma inocente, experimentei colocar a baby baby num sling de argolas quando ela tinha cerca de 15 dias. Experimentei em casa, sozinha, meio a medo. Tirei umas fotos e ficámos por ali.
No dia seguinte voltei a tentar e, cheia de coragem, saí assim de casa, com ela, pasme-se, ao colo e não no carrinho. Calma aí que eu não sou nenhuma super mulher, óbvio que levei o carrinho! E se não conseguisse fazer todo o percurso com ela no sling? E se ela berrasse até à exaustão para se ir encafuar num ovo? Não aconteceu. Adormeceu e a dormir foi até chegarmos ao nosso destino.
Tira-me daqui, pensava ela
No caminho parei na loja de um amigo para nos ver ao espelho, confirmei que ela continuava no sling e que não a tinha perdido no caminho. So far so good. Tudo apontava no sentido de conseguir chegar ao nosso destino com ela no sling.
Esta viagem não foi nada fácil. Estava a começar a ficar calor e parte do caminho era a subir pelo que já me estava a começar a custar ir a empurrar o carrinho com a mala dela e a minha mochila em cima dele!
Finalmente chegámos! Festejei com o Papi a grande conquista e fui logo sentar-me na esplanada do café, ainda com receio que a qualquer momento a criança escorregasse pelo sling abaixo e se esbardalhasse no chão! Foto para marcar o momento (óbvio)!
O ar confiante e triunfante de quem pensava "Aleluia! Cheguei eu e ela também!"
No regresso a casa, a coragem já escasseava e não querendo abusar da sorte, levei-a no ovo. Mal sabia eu, que esta inocente viagem seria o início de uma longa caminhada de amor, carinho, partilha, amizades e ... vício!
Finalmente o ovo! Obrigada mamã!
No dia seguinte voltei a sentir vontade de a carregar, era só mais aquela vez, não fazia mal nenhum, eu tinha tudo controlado...
O Papi, invejoso, começou também a querer experimentar e aqui começaram os problemas. Não havia vez em que fossemos sair que não houvesse "guerra" para ver quem a carregava!
A dada altura a vontade já era tanta que até quis começar a aprender mais sobre babywearing e increvi-me no curso para assessoras da Bebé No Pano (BNP). Agora eu não só carregava como falava diariamente com um grupo de mulheres, todas elas viciadas em dar colo e completamente "agarradas" a panos e afins!
O colo continuou. Os panos começaram a aparecer, as experiências com mochilas, mei tais... porta bebés em geral, mudavam os padrões, as texturas, os materiais... o vício mantinha-se. A dada altura eu estava a carregar a baby baby diariamente! Já pouco havia a fazer.
Entretanto voltei ao trabalho e o carregar abrandou, pelo menos entre as 10h e as 16h que era enquanto eu estava no trabalho, assim que saía lá ia eu de mochila ou pano em riste...
Aquilo em que eu não acreditava e tanto me avisaram aconteceu.
O colo viciou.
De tanto dar colo à baby baby fiquei viciada! Tenho um RS (ring sling = sling de argolas) que está sempre no carro. Há constantemente panos a chegar e a sair. Compro dips de panos. Mas o mais grave de tudo, é que ao fim de 13 meses continuo a carregar a minha baby baby e não vejo o final à vista desse hábito!
Mas o que mais me custa agora é que há uns meses bastava-me pegar nela, entrapá-la e seguir o nosso rumo.
Agora nao! Agora esta criança ingrata de 13 meses já esperneia e, por vezes, insiste em querer ficar no chão quando podíamos ir tão felizes e contentes passear num colinho!
Colo é amor. É partilhar o amor que nos une àquele bebé, juntos por um "trapo".

Olá a tod@s, eu sou a Ana Rita e sou viciada em colo!